Lenda da Aldeia de Vila Garcia
Em Vila Garcia vivia um casal de muito respeito, ou seja, por todos era invejado devido às suas posses e à sua felicidade.
Eles tinham tudo o que um casal desejava: felicidade, amor, saúde, paz e muito, mas muito dinheiro, terras que não tinham conta, animais domésticos, etc...
Mas um problema os invadia, era o de não poderem ter filhos, e a angústia era muita.
A quem deixar a sua riqueza? Todas as suas terras, todo o carinho e felicidade que tinham para dar, com quem compartilhar?
Submeteram-se a fazer tudo, mas em vão.
Até que um dia a senhora se opôs a fazer uma promessa a uma Santinha do Douro, prometendo-lhe um menino feito de ouro se lhe concedesse o privilégio de ter um filho.
A promessa foi feita e meses se passaram, mas nada.
Mas um certo dia, a senhora deu conta de que se estava a passar qualquer coisa com o seu corpo, que o seu ventre estava a aumentar. O que poderia ser se não uma criança dentro de si.
A sua alegria foi muita e ao dividi-la com o seu marido, ela foi maior ainda.
Passados meses a criança nasceu, era um menino. Iria chamar-se João Diogo de Andrade.
Então a promessa foi cumprida e a felicidade deste casal era maior, assim como o amor e o carinho. E maior foi com o passar dos anos, pois conseguiram ter quatro filhos: José, Cândida, Nevinhas e Josefa, uma família completa três raparigas e dois rapazes.
A alegria reinava nesta casa.
Ainda hoje se encontra o menino de ouro dado por este casal, numa capela de urros.
O Rapaz e o Padre
Conta-se que uma vez um rapaz tendo roubado chouriços se foi confessar ao padre.
O padre depois de ter ouvido, disse-lhe para as ir entregar ao dono.
Então o rapaz disse muito depressa:
- Quere-as senhor padre?
Ao que o padre respondeu negativamente. Então o rapaz disse que já as dava ao dono, mas o dono não aceitava. Ao que o padre lhe disse para as comer dado que o dono não as cria.
Tendo chegado a casa o padre e a sua criada queria comer as chouriças, mas não as conseguiam encontrar. Então o padre apercebeu-se de que as chouriças que o rapaz tinha roubado eram dele, mandou chamar o rapaz sem demora.
Quando o rapaz chegou, o padre disse-lhe para ele devolver as chouriças. Ao que o rapaz respondeu que, nada podia fazer pois, tinha-lhe perguntado se as queria e ele tinha-lhe mandado comer as chouriças.
Pastorinho
Havia um pequeno pastorinho que guardava cabras perto de uma igreja. Então o pastorinho dirigiu-se à igreja e viu o padre que vinha pela igreja abaixo a deitar água benta e dizer água em latim.
O menino ajoelhou-se na igreja e começou a rir, riu muito. Quando o padre estava a fazer a elevação da hóstia, o menino começou a chorar muito.
No fim da missa o padre perguntou-lhe: porque é que riste quando eu estava a fazer as preces? E o rapazinho respondeu: porque vi muitos rapazinhos com corninhos. Então o padre perguntou: porque é que choraste quando eu estava a fazer a elevação da rodinha branca? Então o rapazinho respondeu: porque a vi cheia de sangue.
O Rapaz que fugiu de casa
Havia um rapazinho que tinha um pai muito rico mas muito avarento. Então o menino fugiu de casa pois, queria ir à procura da pobreza e porque o pai não era cristão.
O menino correu mundo ficando por lá muitos anos. Quando regressou era desconhecido, bateu à porta de casa do pai sem saber. Ele não reconheceu o pai, nem o seu pai o conheceu.
Ele pediu cama mas nessa casa não lhe a deram. Deram-lhe somente um pedaço de pão e de água e dormia debaixo do alpendre, com uma manta que ele próprio trazia.
Ele estava para morrer e então pediu um padre. A senhora, que era sua mãe, mandou chamar um padre então sacramentaram-no.
O filho abraçou-se à mulher e disse: Ó mãe eu sou o Aleixo.
Então ela disse-lhe que ele se podia ter dado ao conhecimento mais cedo e teria sido tratado de uma outra forma.
Aleixo morreu, e os seus pais deram conta de que mais vale viver pobre e feliz do que rico e triste.
A Madrasta
Era uma vez duas meninas a quem tinha morrido a mãe, e que viviam com a madrasta que era feia e má, e que as fazia trabalhar muito. De noite fazia-as trabalhar à luz do luar para não gastarem luz.
A madrasta também tinha uma filha a quem fazia todos os carinhos de mãe. Um dia estando elas a fazer uma meia a mando da madrasta, a mais nova deixou-se dormir e então, a mais velha fez-lhe a meia para que a madrasta não lhe bater. Mas quando a acabou deixou-se dormir sem fazer a sua.
Quando acordou a menina mais velha ficou preocupada, pois lembrou-se que não tinha feito a sua meia, mas ao olhar para o seu colo reparou que a meia estava feita. E então perguntou:
- Quem me a teria feito?
Ouviu uma voz que lhe disse:
- Fui eu, que sou a tua fada madrinha por seres tão boa e ajudares a tua irmã.
A madrasta que estava a ouvir toda a conversa, arrependeu-se do que fazia e nunca mais mandou fazer coisas pesadas às meninas tratando-as muito bem.
Foram todas muito felizes.
Sapateiro
Havia um sapateiro que era pobre, tinha muitos e trabalhava muito. Mas na casa desta família reinava a alegria.
À noite enquanto a sua mulher fazia a ceia o sapateiro pegava na viola e todos os seus filhos ficavam muito contentes, cantavam e brincavam.
Mas esta família tinha um vizinho que era muito rico e vendo a pobreza do sapateiro, resolveu dar-lhe um saco de dinheiro. No dia em que o vizinho lhe deu o dinheiro em casa do sapateiro não houve música nem brincadeira. Eles estavam a contar o dinheiro mas enganavam-se, discutiam, batiam nas crianças que por sua vez choravam.
A mulher que era filha de lavradores queria comprar terrenos, o marido queria pô-lo a juros, discutiam e não chegavam a um acordo.
Então deram-se conta de que já não tinham alegria, por isso, resolveram dar outra vez o dinheiro ao vizinho.
Continuaram a viver na pobreza mas alegres e felizes.
O Furo e a Botelha
Ia um senhor com uma botelha onde levava um furo. Furou a botelha, pôs-lhe uma rolha e levou-a às costas.
Apareceram os guardas, e como era proibidos trazerem-se fures, as pessoas que fossem apanhadas eram presas.
Ao passar pelos guardas o homem disse-lhes que trazia uns homens a plantarem uma vinha, e perguntou se queriam uma pinga, ao que os guardas responderam que não, pois não bebiam em serviço.
Então ele foi-se embora sem ser preso nem pagar multa.
Lendas da Aldeia de Póvoa do Concelho
Conta-se que muitos anos lá na aldeia morreu uma pessoa, e como era costume as outras organizaram o funeral. E ao dirigirem-se para o cemitério, passaram à porta da casa da pessoa que tinha morrido.
Nesse momento algum reparou que essa pessoa estava a espreitar janela e a rir-se. Verdade ou mentira não se sabe.
À muitos anos atrás conta-se que um rapaz vindo da tropa e dirigindo-se a pé para sua casa, passou perto de um grande silvado e diz-se que uma silva o agarrou.
Ele dizia para a silva:
- Deixa-me deixa-me.
Ficou preso até morrer.
Conta-se llá na aldeia que havia duas vizinhas. Uma sendo feiticeira, um dia de noite organizou um feitiço, no qual, ela se transformou numa cabra. Subiu para o telhado da vizinha fazendo barulho. A vizinha ouvindo barulho levantou-se da cama e foi ver o que se passava. Ao ver uma cabra no seu telhado ficou surpreendida e pegou numa pedra com a mão direita e atirou-a à cabra, mas não lhe acertou. Tentou várias vezes. Depois pegou na pedra com a mão esquerda e acertou-lhe na pata.
No dia seguinte já transformada em pessoa, a vizinha vendo-a com uma perna partida perguntou-lhe o que tinha acontecido. A feiticeira respondeu-lhe:
- Não te lembras do que fizeste ontem à noite.
Lendas sobre Espanhóis
Uma vez encontrava-se um grupo de espanhóis numa ponte. Ao olharem para a água, viram um queijo. Depois de muito terem pensado na melhor maneira de irem buscar o queijo ao rio, houve um, que teve uma ideia, que foi imediatamente aceite pelos outros.
A ideia era de um se agarrar na grade da ponte, e os outros irem descendo, agarrando-se sempre uns aos outros.
Quando estavam perto da água, o que estava agarrado às grades grita para os outros:
- Esperem aí um bocado, que eu vou cuspir nas mãos.
Ao dizer isto caíram todos na água e não apanharam queijo nenhum, porque este era o reflexo da lua.
Vinha caminhando para Portugal um grupo de espanhóis.
Ao chegar a Vilar Formoso viram um lagarto que estava morto, só que eles não sabiam. Então um deles perguntou-lhe:
- O senhor da casaquinha verde deixa-nos passar?
E tornaram a perguntar várias vezes, como ele não lhes respondeu, pensaram que ele não lhes dava ordem para passar e voltam para Espanha.